5.7.10

Hora

Sinto que hoje novamente embarco
Para as grandes aventuras,
Passam no ar palavras obscuras
E o meu desejo canta --- por isso marco
Nos meus sentidos a imagem desta hora.

Sonoro e profundo

Aquele mundo
Que eu sonhara e perdera
Espera
O peso dos meus gestos.

E dormem mil gestos nos meus dedos.
Desligadas dos círculos funestos
Das mentiras alheias,
Finalmente solitárias,
As minhas mãos estão cheias
De expectativa e de segredos
Como os negros arvoredos
Que baloiçam na noite murmurando.

Ao longe por mim oiço chamando
A voz das coisas que eu sei amar.
E de novo caminho para o mar.

Sophia de Mello Breyner Andresen

2 comentários:

A.S. disse...

Zana...

No mar há sempre um caminho para descobrir!

Beijosss
AL

MJ FALCÃO disse...

Boa escolha, Zana!Sophia de Mello Breyner é grande. Conhece Eugénio de Andrade?
Mas há tanta coisa bela na vossa (nossa) literatura, na poesia...
Vim ver o seu blog.Gostei. Continue!!!
Bom gosto, bom trabalho...
Um abraço
o falcão