21.7.11

H.O.

Em certa rua há certa firme porta
Com a campainha e o número preciso
E um sabor de perdido paraíso,
Que nos entardeceres não está aberta
A minha passagem. Finda a jornada,
Uma esperada voz me esperaria
Na desagregação de cada dia
E no sossego da noite enamorada.
Essas coisas não são. Outra é minha sorte:
As vagas horas, a memória impura,
O exagero da literatura
E no limite a indesejada morte.
Só desejo essa pedra. Meu pedido
São duas datas abstratas e o olvido.

Jorge Luis Borges


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